Recorrer às metáforas e ao simbólico através da expressão artística permite aos pacientes com alguma resistência a expressão verbal , uma possibilidade de mostrarem os seus sentimentos de uma maneira alternativa e de certa forma divertida, facilitando assim uma reparação das problemáticas.
A Arte-Trapia é similar aos processos terapêuticos psicanalíticos, porque em sua metodologia utiliza-se em parte a livre associação das ideias e a expressão espontânea. Por esta razão, o atelier de Arte-Terapia não é de todo um lugar para se dar aulas, nem uma terapia ocupacional que tem como objectivo a distracção. É uma verdadeira “ferramenta” terapêutica de busca sobre si mesmo, que pode ser praticado tanto em sessões individuais como em grupo.
A Arte-Terapia funciona em três níveis:
- 1º) O Lúdico : “Criar brincando e brincar criando” poderia ser o lema desse nível, que visa fazer renascer e descobrir dentro de si a capacidade inerente de criatividade. Tomar contacto com os próprios dons e brincar como crianças, permite-nos estar no “aqui e agora”.
- 2º) O Terapêutico: Os actos simbólicos e criativos provocam uma verdadeira libertação emocional que age nos níveis físico, psicológico e energético. O atelier recria um espaço de segurança, onde a pessoa se dá o direito de através do acto criativo agir em sintonia na totalidade do seu ser. Sua acção é múltipla, permitindo entre outras coisas, uma melhor expressão das suas emoções e sentimentos, o estímulo da imaginação e da criatividade, o aumento da auto-estima e da confiança e também a capacidade de expressão, que proporciona um melhor conhecimento de nós mesmos.
- 3º) O Transformador : A arte terapêutica associa o processo de evolução psicológica com a criação artística. Devemos então considerar que a arte e o acto criativo tomam suas origem dentro do corpo (comparado ao magma original), como uma pulsão que nos religa a nossa parte arcaica e a nossa dimensão universal que chamamos de Tudo, Deus, Guia... Dentro da nossa psique, C.G Jung denominou-a de “Si Mesmo” (ver texto C.G.Jung). Podemos então fazer uma analogia interessante entre o acto criativo e o processo alquímico, usando-o como uma metáfora psicológica aplicável ao acto criativo.
A transmutação alquímica efectua-se sobre a matéria (Prima Matéria) para se poder criar a obra (Opus), a qual passará por diversos estágios transformadores do processo alquímico : calcinatio, solutio, coagulatio, sublimatio, entre outros. De um ponto de vista psicológico, podemos considerar a Prima Matéria a nossa Sombra, onde se esconde nossas pulsões arcaicas, conflitos, medos, complexos, etc.
A Obra (alquímica e/ou artística) encontra sua fonte dentro da Sombra (Prima Matéria) para que seja transformada, de maneira a produzir a Obra e alcançar aquilo a que os alquimistas chamavam de Lapis: a Pedra Filosofal. A Obra é de facto, todo o processo criativo de transformação para atingir a “produção” final. Por sua vez, a Obra Artística permite transformar nossas pulsões arcaicas e convertê-las em materia pura. É o momento da sublimação. Podemos concluir então, que a Obra terminada contém também a Prima Matéria. A simultaneidade da causa e efeito encontram-se reunidos dentro do Lapis, mas também dentro do ser que terá produzido esta Obra . Podemos então dizer que a Arte-Terapia proporciona a Transformação.
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