“Fazer o bem não é ‘sexy’. Por isso, queríamos dar um novo nome ao que é ser bom."
Logo que você conhece Casey Caplowe é possível perceber uma pessoa desapegada. Nascido em Washington, esse americano viajado já morou em vários lugares – de Nova York a Praga. E foi só em 2004 que aterrissou em Los Angeles, onde vive até hoje. Mas, se tem uma coisa que ele não larga de jeito nenhum é a sua ideia de revolucionar a maneira como os indivíduos veem o “bem”.Justamente por isso ele é nada menos do que o diretor criativo e cofundador da GOOD, uma companhia de mídia integrada para pessoas que querem viver bem e fazer o bem. Fruto da colaboração entre indivíduos, empresas e organizações sem fins lucrativos que impulsionam o mundo para frente, a GOOD foi lançada em 2006, de início como uma revista, mas logo em seguida ganhou site, vídeos e eventos.
AsBoasNovas.com teve a oportunidade única de entrevistar o Casey em sua visita recente a São Paulo. Durante a conversa falamos de motivações, inspirações e sobre os ingredientes necessários para um “bom” projeto.
AsBoasNovas.com: Qual foi sua motivação para fundar a GOOD?
Casey Caplowe: A GOOD nasceu daquele sentimento que você tem depois de se formar, um momento em que não sabe direito o que quer fazer da vida. Para mim esse período foi marcado por conversas inspiradoras que tive com amigos, nas quais discutimos o potencial do negócio como uma força para o bem. Começamos a sentir que existia algo maior acontecendo lá fora, algo novo e diferente que não estava sendo reportado. E, assim, aproveitamos esta oportunidade para nos engajar com o que de novo está acontecendo no mundo e de conectar boas iniciativas, criando a GOOD.
A verdade é que fazer o bem não é “cool” ou “sexy”. Por isso, queríamos dar um novo formato ao que é ser bom. Normalmente, categorizamos as pessoas focadas no bem em dois grupos: otimistas (que são as idealistas) e antiestablishment (aqueles que querem destruir o sistema). O que a GOOD propõe é diferente. Entendemos que precisamos do sistema, mas ao mesmo tempo é importante ser prático e aprender a trabalhar com o que temos. Queremos mostrar que hoje já é possível viver bem e fazer o bem, simultaneamente.
ABN: Qual é a sua motivação hoje?
CC: Estamos crescendo desde 2006. Hoje somos por volta de 65 colaboradores e temos escritório também em Nova York. A sensibilidade ao redor é muito maior do que quando começamos. O mundo entende melhor o que falamos. Por isso, o próximo passo é engajar as comunidades a pensar no que elas podem fazer juntas. O foco está mudando. Antes eram as ideias, mas agora é a ação. Essa é a motivação – conseguir fazer isso.
ABN: A GOOD ficou famosa no mundo todo por seus projetos bonitos e atraentes. Pelos seus infográficos muito bem elaborados e pela parceria com grandes empresas, como New York Times, Starbucks e Pepsico. Quais são os seus projetos favoritos já realizados?
CC: Bom, sempre há coisas boas e ruins sobre cada projeto, mas se tiver de escolher os melhores eles, provavelmente, seriam o GOOD Idea for Cities e o GOOD December.
O primeiro é uma iniciativa que acontece desde 2008, de 3 a 5 vezes ao ano. A ideia é apresentar os problemas urbanos de pequenas cidades a diversos designers, dando-lhes um prazo para encontrar soluções inovadoras a esses desafios. O projeto é basicamente um casamento entre diversão e inspiração. Alguns dos planos sugeridos até se tornaram realidade.
Já o GOOD December foi um evento que aconteceu duas vezes: em Nova York, em 2008, e Los Angeles, em 2009. Nas duas ocasiões alugamos a galeria de uma loja para criar um centro comunitário temporário. Durante uma semana tivemos workshops, discussões e muitas outras atividades. Com esse projeto, criamos uma comunidade GOOD local, mesmo que por um tempo limitado. Até hoje estamos refletindo sobre formas mais baratas de reproduzir o evento em outras cidades.
ABN: O que você diria que são os ingredientes que constituem um “bom” projeto?
CC: Pragmatismo, idealismo e criatividade. Criatividade é chave; tanto no engajamento quanto no impacto. Para que seu projeto dê certo é preciso envolver as pessoas de um jeito interessante e diferente para que elas se sintam bem enquanto fazem o bem.
ABN: As mudanças na educação tem sido um tema constante nas discussões aqui no Brasil e nos Estados Unidos, certo? Você acha que uma pessoa pode aprender na escola todas as ferramentas que ela precisa para ser bem-sucedida?
CC: Existem temas grandes que interessam as pessoas, como educação, problemas urbanos, meio ambiente, comida etc. Mas não creio que você aprende na escola tudo o que precisa saber. Acho que você aprende por meio da experiência. Eu, por exemplo, me formei em Arquitetura, e hoje olha o que eu faço. Muito do que aprendi foi com erros e falhas. E acho que é bom ser assim. Não quero ficar preso às regras de como as coisas têm de ser. Para mim, na escola você aprende como aprender, mas não como fazer. Isso você aprende na vida.
ABN: Você já havia vindo ao Brasil, palestrar no TEDxSão Paulo. O que te trouxe de volta?
CC: Estive no Brasil em 2009 (veja a palestra). Mas, desta vez, a minha visita se deve a uma parceria da GOOD com a iniciativa Mesa e Cadeira, que acredita em aprender fazendo.
O meu desafio era liderar um workshop com um grupo pequeno e muito talentoso de profissionais que produziriam uma plataforma para colaboração global e pensar, ao menos, uma boa ideia para inaugurá-la. E assim foi. Em uma semana, colocamos a plataforma GO/DO (do.good.is) no ar, com a proposta de reunir as pessoas em atividades participativas, em que cada um ajuda como pode, e todos promovem o bem.
Esse é um projeto que começamos a desenvolver na GOOD há seis meses e que tem a proposta de ampliar a nossa comunidade mundo afora.
ABN: Finalmente, quais são os seus planos para o futuro – em relação à GOOD e em relação a você mesmo?
CC: Para a GOOD acho que a meta é ajudar a construir e conectar comunidades. Todos nós somos bons – qualquer um, em qualquer lugar. A pergunta agora é como fazemos as pessoas usarem a GOOD para promover o bem em massa.
Quanto aos meus planos pessoais, acho que não tenho objetivos específicos. Só quero ser parte disso tudo e ajudar a fazer as coisas criativas acontecerem – dentro e fora da GOOD.
Conheça também Ryan McInnes, programador, formado em microbiologia, que um belo dia recebeu o convite para trabalhar na GOOD.
fonte: www.asboasnovas.com
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